Em meio a denúncias, Braide ‘compra de silêncio’ da Câmara com liberação de R$ 2,7 milhões em emendas

Após uma série de denúncias envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), comandada pelo médico Joel Nunes Júnior – o Dr. Joel (PMN), o prefeito Eduardo Braide (Podemos) teria agido para comprar o silêncio da Câmara Municipal de São Luís, temendo que uma possível convocação do secretário para eventuais esclarecimentos ao Legislativo.

 

Prova disso, é que o chefe do executivo ludovicense abriu os cofres e acelerou o pagamento de emendas parlamentares impositivas aos vereadores vinculados à Secretaria Municipal de Segurança Alimentar (SEMSA) que tem como titular Júnior Vieira, conforme revelou o blog do jornalista Domingos Costa.

 

De acordo com notas de empenhos, até a noite de ontem, pelo menos nove entidades receberam a bagatela de R$ 2.700,000,00 (dois milhões e setecentos mil reais) em emendas. O valor é quase o mesmo que foi empenhado pelo ex-prefeito Edivaldo Júnior (PDT) para tentar barrar o impeachment em maio de 2019.

 

 

A liberação desses recursos é considerada uma espécie de “moeda de troca” entre o Palácio de La Ravardière e a Câmara, e costuma ser usada pelo governo para garantir apoio em votações importantes.

 

Para barrar o seguimento de qualquer denúncia ou aprovação de importantes projetos, Braide precisa do voto de pelo menos 16 dos 31 vereadores. No entanto, até o momento 15 parlamentares já foram beneficiados, por meio de nove entidades indicadas por eles, no valor de R$ 180 mil reais, cada.

 

Além dos valores empenhados, que são uma espécie de promessa de pagamento futuro, a administração municipal reforçou a liberação dos chamados restos a pagar, recursos referentes a emendas de outros anos que ainda não haviam sido pagas.

 

APATIA E OMISSÃO

 

As denúncias envolvendo o secretário Dr. Joel, com nomeação de servidores ligados à associação criminosa, acusada de fraude e superfaturamento na aquisição de equipamentos destinados ao combate à pandemia da covid-19 em São Luís, resume em um episódio a atitude da Câmara neste início de legislatura: enquanto a imprensa exerce papel inédito de relevância no debate político, o Legislativo se deixou eclipsar.

 

No momento em que poderiam sair em defesa da sociedade ludovicense, os próprios parlamentares ajudaram a diminuir a importância de suas funções. Mesmo com a omissão e apatia, quase metade da Câmara já conseguiu receber suas emendas. Será que o chefe do executivo estaria temendo algo mais grave em meio às suspeitas de corrupção que pesam contra seu governo, que acabou de iniciar?

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