Análise: legado de 404 anos da Câmara de São Luís resiste a escândalos


Quarta mais antiga Câmara Municipal do Brasil, o Legislativo Ludovicense completou, neste dia 9 de dezembro, 404  anos. Foi instalada em 9 de dezembro de 1619, pelo empresário, navegador e historiador português Simão Estácio da Silveira. Tem uma história permeada de lutas e de conquistas. Por força dos ritos regimentais e constitucionais do passado, chegou a afastar um governador e encampou várias lutas, dando inclusive total apoio à primeira luta pela independência do jugo português, se insurgindo contra a elevada taxa de impostos instituída pela Coroa e aderindo à revolta de Bequimão.

Guarda ainda em sua galeria, homens notáveis nos mais variados segmentos de atividades, como poetas, jornalistas, empresários, médicos engenheiros e etc. Diversos governadores maranhenses foram vereadores de São Luís, a exemplo de Matos Carvalho, Benedito Leite e Luiz Rocha. Legou dois prefeitos da capital, Tadeu Palácio e Edivaldo Holanda Júnior, além de um numeroso grupo de deputados estaduais e federais.

O escritor, jornalista e  membro da Academia Maranhense de Letras, o saudoso Sálvio Dino, pai do ministro da Justiça, Flávio Dino, começou sua carreira política como vereador de São Luís e nunca perdia a oportunidade para dizer que se sentia muito honrado em haver pertencido aos quadros de uma Câmara Municipal permeada de história e rica em tradições.

Hoje, a Câmara de São Luís está passando pela sua pior fase, mergulhada num mar revolto de escândalos, enriquecendo a crônica jurídica e policial, entristecendo e revoltando a sociedade, acostumada, anteriormente a tê-la como exemplo por conta de atitudes de coragem e independência.

Ao largo de sua história, o Legislativo Ludovicense se notabilizou por atitudes de desassombro, como no ano de 1987, quando elegeu Raimundo Assub presidente. Agiu contra a força do governo do Estado, num momento em que o então governador Epitácio Cafeteira queria, de todas as maneiras, eleger o sogro, o vereador Hilton Rodrigues, que perdeu por um voto de diferença. A casa aguentou a pressão governamental.

Os prefeitos Jackson Lago e Conceição Andrade também experimentaram a  força e a independência da casa legislativa, ao serem derrotados com seus respectivos candidatos à presidência.

No momento, a casa de Simão Estácio da Silveira é apenas uma sombra do seu passado de lutas, ostentando uma imagem que envergonha alguns de seus integrantes, que lutam para que isso seja apenas uma tempestade passageira. Que ela possa voltar ao curso normal de sua história.

A Câmara Municipal de São Luís, com certeza, é maior do que a crise!

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